>
No passado dia 15 de Outubro, o navio de cruzeiro MSC Virtuosa fez a sua cerimónia de escala inaugural na cidade de Lisboa, num conjunto de viagens de “turn around” (percurso com partida e chegada no mesmo porto).
Parte de Lisboa em direção a Barcelona, Marselha, Génova, Málaga, Cádis e retorno a Lisboa. Cádis não estava no programa inicial, cujo destino seria Casablanca, mas derivado à situação que Marrocos vive neste momento relativamente à pandemia Covid-19, a MSC Cruzeiros decidiu substituir Casablanca por Cádis.
O embarque para a cerimónia, assim como para os restantes passageiros que naquele dia iniciaram a sua viagem, passa para além dos procedimentos habituais de embarque, pela testagem ao Covid-19 de modo a assegurar que não entra a bordo ninguém com vírus.
Após um “welcome drink” no TV & Studio Bar, decorreu a cerimónia iniciada com as palavras de boas vindas do comandante do navio, seguida pela apresentação da MSC, da sua estrutura assim como o navio feita por Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Cruzeiros em Portugal.
Eduardo Cabrita apresentou também a estratégia da companhia para os próximos anos, que consiste em aumentar a frota dos atuais 19 navios para 23 até 2025. Também surgiu este ano a nova marca de luxo e de ultra-luxo da companhia, com a designação de Explora Journeys com a previsão de entrar em operação em 2023.
A companhia tem uma grande preocupação com a componente da sustentabilidade, otimizando sempre os novos navios, tal como este, com uma forte componente de iluminação utilizando a tecnologia led, o “Ready for ship to shore power” que consiste em manter as baterias do navio carregadas quando está num porto, recorrendo à energia de terra em vez manter os motores ligados para esse fim, sistema de tratamento das águas, central de gestão de resíduos entre outros componentes. No futuro a companhia quer ter os seus navios movidos com propulsão a LNG até atingir a emissão zero.
De seguida decorreu a habitual troca de placas entre a MSC e as respetivas autoridades convidadas a bordo. Após esta cerimónia seguiu-se o almoço e a visita ao navio.
No fim da visita, Eduardo Cabrita reuniu-se com os jornalistas para um momento de perguntas e repostas.
Destacaram-se os pontos relacionados com este tipo de viagem em “turn-around” em Lisboa, que permite que os passageiros entrem e saiam na capital portuguesa sem terem que se deslocar via aérea para outros portos para embarcar no navio.
Este itinerário, tal como já referido tem como visita a destinos na Europa mediterrânica ocidental.
É uma forte aposta, agora mais com um novo navio a fazer este percurso, em que entram em Lisboa em média entre 900 a 950 passageiros em que mais de 95% são portugueses. Este tipo de cruzeiros são planeados com muita antecedência, ainda antes do surgimento da pandemia, em que nessa altura ficou tudo em aberto. Agora com a vacinação conseguem-se realizar, seguindo os protocolos de saúde segurança da companhia. Estes números de portugueses embarcados em Lisboa, são os maiores comparados aos anos anteriores entre 2017 e 2019.
Relativamente à pandemia, a MSC tem vindo progressivamente a abrir rotas conforme os países têm permitido a atividade, sendo uma das primeiras companhias a reiniciar as operações gradualmente sempre que possível e de acordo com os seus protocolos de saúde e segurança. A companhia tem atravessado progressivamente as dificuldades relativas ao início das operações, nomeadamente o embarque de passageiros de determinados países devido a restrições das ligações aéreas, contudo pensa-se que para 2022 já se esteja a operar o mais perto do normal.
Os maiores desafios operacionais pelos quais passaram foi no desconfinamento das fronteiras marítimas até Agosto, em que teve-se que explicar aos governos que os protocolos de segurança a bordo dos navios são muito mais eficientes e eficazes do que os que existem em terra.
A MSC continua a testagem no embarque dos passageiros, mesmo vacinados, por questão de segurança. Já houve situações, no início, de alguns passageiros positivos para embarcar e através do teste foi possível detetar e não embarcaram ativando o seu seguro.
Neste embarque de 15 de Outubro os testes foram todos negativos, possibilitando a entrada a bordo de todos os passageiros previstos.
Outra medida preventiva são as excursões em bolha de segurança, sem contacto com as pessoas do destino.
Relativamente à taxa de ocupação do navio, andam em média pelos 50%, embora possam ter até 70% segundo os protocolos europeus, mas por segurança a empresa prefere operar com uma taxa mais baixa, para ser mais preventiva e cautelosa que a sociedade quer.
Caso seja detetado um caso positivo a bordo, existe uma área de isolamento, com camarote para acolher essa pessoa, é acionado o seguro (exigido pela empresa) que cobre todas as despesas e no próximo porto sai e a MSC encarrega-se de arranjar transporte especial para a pessoa ou fazer confinamento em Hotel conforme os governos tenham os protocolos nesse sentido. Os passageiros têm que ter esse seguro feito para que seja possível o embarque.
Quando à “saúde” da financeira da MSC, segundo Eduardo Cabrita, está boa, pois a empresa tem a parte de transporte de contentores que esteve parada dois meses e meio, mas depois recomeçou com o melhor ano comparado com os outros.
Felizmente tanto financeiramente como e em termos de liquidez a MSC Cruzeiros está perfeitamente normal. A questão era, ou recomeçavam ou paravam todos, ou seja a cadeia de valor e de distribuição como os fornecedores das lojas, alimentares… para tudo. A MSC pensou em recomeçar para perceber o que podem continuar a fazer e perceber junto dos fornecedores e todos os serviços que são inócuos, dos portos, os agentes portuários, os terminais etc. e que todos poderiam funcionar e é assim que está a funcionar. A MSC como empresa está com liquidez financeira, contudo não está com a capacidade de ter lucro na situação pré-pandemia pois não tem os passageiros suficientes mas tem que recomeçar a operar.
Neste momento dos 19 navios, têm 11 a navegar, e seria bom que até Março / Abril de 2022 ter a frota toda a navegar. Contudo ter a capacidade completa é mais difícil de chegar lá. Essa parte tem mais a ver com o desconfinamento dos países e os governos.
Texto e Fotos: Vera Brás