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Aviso
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Carlos Cobra faz parte de uma extraordinária geração de artistas portugueses, bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris nos anos 60 e 70.
Depois de uma exposição, a única ao que sabemos, de pinturas sobre papel, já lá vão umas cinco décadas, organizada por Laura Soutinho na Cooperativa Árvore, podemos agora ver, finalmente em Portugal, uma nova mostra do trabalho de Carlos Cobra, nesta exposição que reúne cerca de quarenta pinturas inéditas dos últimos anos, e uma belíssima e rara escultura de 1960. Que nos surgem com uma tal veemência no silêncio (palavras roubadas a HH em Photomaton & Vox), e uma força secreta, longe da gritaria do mundo, e que permanecem vulneravelmente para lembrança súbita de alguns.
A acompanhar a exposição, projecta-se uma conversa entre Carlos Cobra, Paulo Branco e o realizador e argumentista Carlos Saboga, que também se exilou em Paris, onde, como Cobra, ainda vive e trabalha. Cobra fala-nos de Paris e do seu trabalho artístico, de arte e de literatura, dos artistas com os quais conviveu, dando-nos uma perspectiva extremamente rica de uma época e de uma geração fundamental na arte portuguesa.
A partir do início da década de 80, Cobra passou a dedicar-se mais à pintura, e continua a trabalhar todos os dias.
Carlos Cobra
Escultor e pintor. Nascido em 1940, em Alcácer do Sal, Carlos Cobra foi, como muitos artistas da sua época, aluno da Escola de Artes Decorativas de Lisboa (a actual Escola Artística António Arroio). No início dos anos 60 viaja para Paris (onde ainda vive e trabalha), como bolseiro de escultura da Fundação Gulbenkian.
Na capital francesa, Cobra frequenta as aulas de escultura de Henri-George Adam na Escola de Belas Artes e inicia-se no estudo das técnicas de ferro soldado e de fundições na Académie du Feu com o escultor húngaro László Szabó. Étienne Hajdú, que trabalhou os mármores de Estremoz em muitas das suas obras, também viria a orientar várias das suas peças.
Em 1967, participa na Bienal de Paris e em 1971 na exposição colectiva 10 ans d’art portugaise, que Joaquim Veríssimo Serrão, na altura o director do Centre Culturel Portugais, dedicou aos bolseiros de Paris. Em 1981, recebe o Prix Bourdelle, o mais importante prémio da escultura europeia, a única vez que foi atribuído a um artista português, tendo o museu exposto as suas obras.
No entanto, a sua obra é praticamente desconhecida em Portugal, e esta exposição, que o LEFFEST organizou no MUDE, em Lisboa, em Novembro de 2024 pode agora ser vistano Espaço Mira com uma nova “arrumação”, uma amostra dos seus trabalhos dos últimos anos, a que se junta uma rara escultura de 1960.