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Da engenharia de automóveis de estrada ao design do grupo motopropulsor da Nissan Formula E Team

Desde que chegou à Europa, há três anos, vindo do departamento de I&D da Nissan no Japão, Tadashi Nishikawa tornou-se um membro fundamental da equipa, sendo responsável por supervisionar o desenvolvimento do grupo motopropulsor da Nissan Formula E Team, que já obteve uma vitória e mais dois pódios em quatro corridas durante a Temporada 10. Com o primeiro E-Prix de Tóquio no passado sábado, sentámo-nos com a principal ligação da Nissan Formula E Team à sede da Nissan.
 
Qual é o seu background e o seu papel atual na Nissan Formula E Team?
A Nissan já faz parte da minha vida há 20 anos, desde que me juntei à marca em 2004. Antes de passar para a Fórmula E, fui responsável pelo desenvolvimento de automóveis de passageiros no Japão, tendo trabalhado em modelos como o Skyline, Fairlady Z e LEAF. Era responsável pelas transmissões, componentes necessários para toda a marca.
Em 2021, mudei-me para o projeto de Fórmula E da Nissan, para assumir o meu cargo atual de Engenheiro-Chefe do grupo motopropulsor. A minha principal função é coordenar as especificações do grupo motopropulsor e estudar as melhores formas de otimizar o automóvel. Não concebo peças específicas, mas supervisiono e assumo responsabilidade do projeto como um todo.
 
Como é que se deu a sua passagem dos automóveis de estrada para o desporto motorizado?
Anteriormente, era engenheiro de transmissões, e a minha chefia considerou a minha posição atual graças às minhas competências transferíveis. Sabia que seria um desafio, mas fiquei entusiasmado com a oferta do cargo e senti-me bastante preparado e motivado, sendo que já tinha previamente trabalhado com engenheiros estrangeiros.
 
Trabalha em próxima colaboração com a equipa de I&D da Nissan no Japão?
Estou em contacto regular com os nossos colaboradores no Japão. Por vezes, fazemos brainstorming com engenheiros do Centro Tecnológico da Nissan sobre tecnologias futuras e também partilhamos ideias. A minha função é juntar as filosofias de ambas as partes, para nos ajudar a desenvolver as operações da Fórmula E e dos veículos de passageiros, melhorando a nossa produção em todos os setores.
 
Quais são alguns desafios inerentes à sua função?
Encontrar um equilíbrio entre o desempenho de cada componente continua a ser um enorme desafio. Por vezes, nas equipas de desenvolvimento, cada engenheiro trabalha exclusivamente na sua própria tarefa. Isto pode causar cenários em que todos otimizam uma peça específica, levando a problemas noutras áreas, frequentemente entre o motor, o inversor, e a caixa de velocidades. A dificuldade encontra-se em garantir que os engenheiros colaboram bem como unidade, de forma a melhorar o carro inteiro e não apenas uma peça específica. Estão todos muito orgulhosos do seu trabalho, por isso, por vezes, pode ser desafiante convencê-los a mudar de direção, se acharmos que é melhor para o projeto em geral!
 
Que diferença o chamou mais à atenção quando passou de carros de passageiros para carros de Fórmula E?
Normalmente, no setor automóvel, fazemos uma comparação com outros carros no mercado. Nos desportos motorizados, nunca se consegue compreender totalmente o que os nossos rivais estão a fazer, uma vez que não se pode ver de perto os seus projetos de desenvolvimento. O único momento em que isso é possível acontecer é quando os engenheiros mudam de equipa, mas, mesmo assim, não podem partilhar muito, pois toda a informação é confidencial!
 
Como é que as operações da Nissan na Fórmula E e nos automóveis de estrada se podem beneficiar mutuamente?
Há cada vez menos benefícios diretos dos automóveis de estrada para a Fórmula E, uma vez que os requisitos tecnológicos de cada um são muito diferentes. Tiramos algum know-how do departamento de I&D do Japão, aplicando a sua lógica de trabalho aos nossos projetos, e utilizando alguns métodos de design de componentes mais pequenos. Não se trata de uma transferência direta, mas acreditamos que a nossa experiência com outros projetos da Nissan tem um grande impacto no nosso desenvolvimento na Fórmula E.
No que respeita às corridas, utilizamos a tecnologia na sua forma mais avançada. Preocupamo-nos menos com o custo ou com o ruído, vibração e dureza (NVH – noise, vibration and harshness). Em termos de eficiência e densidade de potência, a Fórmula E funciona a um nível muito mais elevado em comparação com os automóveis de estrada. Isto significa que podemos ver o que é possível se nos concentrarmos apenas na performance. Após isto, podemos pensar em como adaptar esta performance para veículos de passageiros, mantendo o custo e o NVH baixos. Vemos isto como uma vantagem, em comparação a outros fabricantes que não estão na Fórmula E. Conseguimos compreender os limites da nossa tecnologia, levá-la cada vez mais longe, ganhando experiência que nos ajuda a otimizar os nossos automóveis de estrada.
 
Quando entrou para a Nissan Formula E Team, em que medida é que a experiência do seu anterior emprego a trabalhar com EV o ajudou a desenvolver a sua função?
Eu tinha uma boa base de conhecimentos de engenharia, mas ainda havia muito para aprender. A minha experiência anterior foi definitivamente útil, mas antes de me juntar à equipa nunca tinha concebido quaisquer peças elétricas. Por isso, quando mudei de equipa, tive de aprender a filosofia de conceção de cada componente.
Participei em projetos colaborativos de desenvolvimento, como no Skyline, por exemplo. Isso deu-me competências transversais como o trabalho em equipa e a gestão de conflitos de ideais, bem como a mentalidade de que o desempenho de um único elemento não é assim tão relevante quando se considera o produto no geral.
 
Quais são as principais diferenças entre a conceção do grupo motopropulsor de um automóvel de estrada e de um automóvel de competição?
O custo! Claramente, o custo. E, também, o NVH. Já concebi unidades de transmissão, pelo que conheço o compromisso envolvido no fabrico de um componente com um bom NVH, eficiência ou peso. Nos automóveis de passageiros, é uma parte fundamental desta equação, mas na Fórmula E, o NVH é um fator menos importante na conceção dos grupos motopropulsores. É impressionante, se ignorarmos o NVH, a eficiência torna-se muito maior. Fiquei admirado com estas diferenças quando entrei para a equipa!
 
Existem grandes diferenças entre os grupos motopropulsores de cada fabricante na Fórmula E?
Na 9ª Temporada, notámos sempre a diferença entre os grupos motopropulsores da das diferentes equipas em termos de eficiência e desempenho geral. No entanto, este ano, não vejo essa diferença. Os quatro principais construtores estão muito próximos uns dos outros. Estes desenvolvimentos são encorajadores, porque estamos a ver um impacto positivo das atualizações de software que trouxemos para a 10ª Temporada. O carro está melhor em termos de uma gestão de energia mais fácil, o que ajuda muito os pilotos, reduzindo as diferenças em relação às outras equipa.
 

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domingo, 8 de dezembro de 2024 – 13:01:34

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